Durante o mês de novembro, a empresa OpenAI lançou o seu protótipo de chatbot de linguagem especializada chamado ChatGPT, que pode gerar respostas, como um ser humano, tornando-o especialmente útil numa variedade significativa de aplicações. Um Chatbot normalmente é um software que simula conversas semelhantes às humanas com os utilizadores, através de um chat. A sua função é responder a perguntas comuns em páginas da Internet, aplicações e até em linhas de atendimento ao cliente. Porém, acabam sempre por ser questões mecânicas e com limitações para entender certas palavras e expressões dos utilizadores, se não estiver bem treinado.
O ChatGPT chega ao mercado com funcionalidades muito mais avançadas do que os ChatBots tradicionais, permitindo-lhe interagir de forma harmoniosa com os utilizadores, por ter capacidade de entendimento de textos longos, mesmo com erros ortográficos. Além disso, o ChatGPT possui recursos para resolver problemas matemáticos e fornecer informações concisas sobre diversos tópicos em qualquer área. Ao mesmo tempo, é capaz de interpretar textos ou elaborar resumos de livros inteiros.
Como este lançamento é tão recente, apenas um número limitado de aplicações foi verificado no dia a dia. Espera-se que, à medida que este software continue a aprender com os milhares de usos diários, as suas respostas e informações se tornem mais precisos e, portanto, os seus usos mais amplos. Basicamente, é como ter uma assistente muito mais avançada do que as que conhecemos hoje – SIRI, Cortana e Alexa. É como falar com o motor de busca Google, ou seja, em vez de procurarmos links para encontrarmos a informação de que necessitamos, pode ser este a disponibilizá-la.
Para um departamento de Facility Management, o ChatGPT pode ser usado para automatizar muitas tarefas rotineiras e processos, desde o mais simples, como escrever um email a dizer diretamente ao chat: “Preciso de escrever um email, chegado, mas formal, para um cliente que precisa de aprovar um orçamento”; até à estruturação de um projeto dando certos parâmetros para que os profissionais de FM possam utilizar o seu tempo em tarefas mais importantes. Por exemplo, o ChatGPT pode ser usado para processar e classificar pedidos, e, se forem integrados mais sistemas, pode até executar.
Usando esta tecnologia, os profissionais de FM podem também gerir as tarefas de manutenção e reparação (desde o agendamento à criação de relatórios), bem como a monitorização do inventário (análise, gestão geral para melhorar a eficiência geral do imóvel…) e isto, através do pedido direto de: “Faça um relatório com estes dados, incluindo as conclusões da sua análise, riscos e possíveis recomendações”.
Além disso, esta tecnologia tem o potencial de ser bastante útil na geração de contratos, acordos e orçamentos, pois pode automatizar o processo de redação desses documentos, tornando-o mais eficiente e eficaz. Por exemplo, podemos pedir diretamente ao chat para nos fazer algo da seguinte forma: “Ajude-me a escrever um contrato para a reparação de um gerador auxiliar com o modelo XXX”‘. Nesse sentido, há a possibilidade de se gerar uma linguagem repetitiva para estes contratos por possuírem, muitos deles, linguagem semelhante e cláusulas que são utilizadas em diferentes circunstâncias, sendo que o ChatGPT pode ser treinado para gerar essa linguagem de forma rápida e precisa. Pode assim economizar-se tempo de forma significativa e garantir contratos consistentes que atendam aos requisitos legais em qualquer cenário.
Uma das qualidades mais fascinantes deste software é a possibilidade que tem de utilizar todas as informações escritas no chat para poder fazer ajustes e alterações, ajudando a gerar uma conversa fluida com os utilizadores. Podem, inclusive, ser solicitadas variações de algo já pedido anteriormente e este software realizá-las-á graças à capacidade de entender esta linguagem contextualizada de forma excecional.
No entanto, nem tudo é um mar de rosas. Esta tecnologia é um modelo pré-treinado, o que significa que utilizou milhares de fontes de dados para poder ter as capacidades com as quais se apresenta hoje no mercado. Os modelos de inteligência artificial deste tipo têm uma clara desvantagem que é a confiabilidade das informações com as quais são treinados, na medida em que é praticamente impossível determinar se foi treinado com informações verdadeiras. Assim, este tipo de tecnologia não deve ser utilizado sem se ter um critério ou conhecimento prévio do que está a ser pedido, ou pelo menos se a informação não for verificada através de uma fonte secundária. Por exemplo, alguém pode pedir uma explicação sobre buracos negros e se o modelo não for treinado com informações adequadas, pode fornecer uma explicação, com nível académico, sobre algo incorreto.
É de vital importância ver sempre este tipo de tecnologia como uma ferramenta, que deve ser ajustada a todo o momento com o conhecimento do profissional para uso responsável. Respeitando esta premissa, pode ser gerado um potencial para todos os tipos de aplicações de FM que aumentem a eficiência e precisão na criação de documentos, relatórios, planos, orçamentos de diversas atividades do serviço de FM e, ainda, possibilitando o início da digitalização de um departamento.
Esta ferramenta está disponível para qualquer pessoa de forma gratuita (por enquanto) onde, criando uma conta de utilizador, pode aceder diretamente ao chat e, de seguida, utilizar as suas funcionalidades, sendo que basta escrever o que pretende. Atualmente está disponível apenas em inglês, no entanto esperam-se mais idiomas no futuro.
Jorge Forero